21 de janeiro de 2013

Substantivo I

O Substantivo caracteriza-se como a palavra responsável por atribuir nome aos seres, sejam eles animados ou inanimados. Assim sendo, a primeira classe gramatical designa a palavra específica a ser empregada como referência a objetos, locais, pessoas, sensações físicas, etc. Para identificar o substantivo é preciso portar o entendimento sobre algumas de suas características determinantes, destacando-se do fato de a ele poderem ser associadas algumas palavras com o poder de caracterizá-lo ou modificá-lo.
Todas as palavras pertencentes a esta classe gramatical podem ser precedidas de um artigo (o fumo, um país, a emissão). Segundo o linguista José Rebouças Macambira, pertence à classe dos substantivos toda palavra variável que admite os sufixos –inho ou –zinho, -ão ou –zão, correspondentes a pequeno e grande, respectivamente.
A rigor cada palavra deveria se enquadrar em uma única classe gramatical. No entanto, não é o que ocorre na classificação proposta pela NGB. Observe o modo como o dicionário classifica a palavra primeiro:

Primeiro. Num. 1. Ordinal correspondente a um, Adj. 2. Que está na frente de ou precede a todos em dignidade, aptidão, tempo, lugar, etc S.m. 3. O que ocupa o primeiro lugar. Adv. 4. Antes; em primeiro lugar; primeiramente.

A palavra, originalmente um numeral, também pode ser empregada como adjetivo, substantivo ou advérbio. O termo substantivação define o fato de palavras de qualquer classe funcionar como substantivos, desde que possam ser modificadas por artigo e pelos seguintes tipos de pronomes: pessoal, possessivo, demonstrativo ou indefinido.

CLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVO

Os substantivos podem ser classificados segundo dois critérios:

1) Quanto à sua estrutura e formação.
• Simples ou compostos;
• Primitivos ou derivados.

2) Quanto ao seu significado.
• Comuns ou próprios (entre os substantivos comuns destacam-se os coletivos, que constituem um grupo à parte);
• Concretos ou abstratos.

A análise mórfica de um substantivo deve considerar os dois critérios acima expostos. Por exemplo, no provérbio “Quem tem boca vai a Roma”, a análise seria:

Quem = Pronome Relativo

Tem = Verbo, 3ª pessoa do singular, presente do indicativo.

Boca = Substantivo:
Quanto à estrutura: primitivo;
Quanto à formação: simples;
Quando ao significado: comum.

Vai = Verbo, 3ª pessoa do singular, presente do indicativo.

A = Preposição

Roma = Substantivo:
Quanto à estrutura: primitivo;
Quanto à formação: simples;
Quando ao significado: próprio.


SUBSTANTIVOS SIMPLES E COMPOSTOS

O Substantivo Simples caracteriza-se como palavra de radical único, enquanto o Substantivo Composto constitui-se de dois ou mais radicais unidos em uma única palavra. Em se tratando desta classe, considera-se substantivo simples palavras do qual perdeu-se a noção de composição; como no caso de alçapão (alça [do verbo alçar, levantar] + pom [põe, abaixa]).

• São substantivos simples: flor, moleque, amor, tempo, sol, água, rio.
• São exemplos de substantivos compostos: couve-flor, pé-de-moleque, amor-perfeito, passatempo, girassol, aguardente,


SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS E DERIVADOS

O Substantivo Primitivo caracteriza-se como desprovido de derivação, ou seja, não atua como complemento de significação a nenhuma outra palavra da língua a qual pertence. Em oposto, o Substantivo Derivado se origina de outra palavra da língua a qual pertence, sendo formado através de processos derivacionais.

• São exemplos de substantivos primitivos: escada, ferro, piano, noite.
• São exemplos de substantivos derivados: escadaria, ferreiro, pianista, noitada.

São considerados substantivos derivados os substantivos simples em que é possível reconhecer os afixos, e os substantivos resultantes de derivação imprópria ou regressiva. Os demais são considerados primitivos. Em relação ao substantivo animal (anima = vida + -al = sufixo), por exemplo, já se perdeu a noção de sufixação. Portanto, esse substantivo será considerado primitivo.

SUBSTANTIVOS COMUNS E PRÓPRIOS

Os Substantivos Comuns são os responsáveis por nomear todos os seres de uma mesma espécie. Inversamente, os Substantivos Próprios são aqueles através dos quais se nomeia um ser particular ou alguns seres particulares entre todos os outros da mesma espécie.

Os Substantivos Próprios dividem-se, mais frequentemente, em:
Antropônimos – designam indivíduos, para distingui-los dentre outros de um mesmo grupo social. Geralmente esses indivíduos identificam-se também através de um sobrenome. São exemplos de Antropônimos: Manuel, Geraldo, Peri, Antônio, etc.

Topônimos – designam lugares ou acidentes geográficos. São exemplos de Topônimos: Recife, Corumbá, Paris, Cabo das Tormentas.


SUBSTANTIVOS CONCRETOS E ABSTRATOS

Os Substantivos Concretos são responsáveis por designar o ser com existência própria e independente de outros seres. Esses seres podem pertencer ao mundo real ou ao mundo imaginário. São exemplos de Substantivos Concretos: chocolate, banana, almas, anjos, ovo, etc.
Por outro lado, os Substantivos Abstratos designam seres que têm existência dependente de outros seres; nessa descrição enquadram-se ações, sensações, estados, qualidades, processos, etc. Trata-se de tudo o que só pode ser intermediado por outro ser, que representa conteúdo abstrato. São exemplos de Substantivos Abstratos: prazer, felicidade, corrida, viagem, etc.
Entenda que os substantivos abstratos que designam ações apresentam afinidade com os verbos: correr, no caso de corrida; viajar, no caso de viagem; etc.

SUBSTANTIVOS COLETIVOS

Os Substantivos Coletivos são, basicamente, substantivos comuns; pois, quando em singular, designam um conjunto de seres. São exemplos de Substantivos Coletivos: fauna, flora, bando, matilha, etc.
Há os substantivos coletivos que expressam número exato de alguns seres. Esses substantivos não se confundem com os números por exigirem preposição. São eles: dúzia, centena, par, etc. 

Mais alguns exemplos de Substantivos Coletivos:

• Alcatéia: coletivo de lobos;
• Arquipélago: coletivo de ilhas;
• Bando: coletivo de aves;
• Bosque: coletivo de árvores;
• Cáfila: coletivo de camelos;
• Cardume: coletivo de peixes;
• Elenco: coletivo de artistas;
• Enxame: coletivo de abelhas;
• Frota: coletivo de carros/ navios;
• Matilha: coletivo de cães;
• Etc.

FLEXÃO DO SUBSTANTIVO

Os Substantivos podem variar em gênero, número e grau.

1. Gênero
Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem ser precedidos dos artigos o/ os. Observe abaixo um exemplo:
Ex.:
O costume se difundiu em toda a Europa.
Os países nórdicos enfrentam invernos rigorosos.

Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem ser precedidos dos artigos a/ as. Observe abaixo um exemplo:
Ex.:
A árvore foi enfeitada.
As folhas da mangueira já estavam caindo.


SUBSTANTIVOS BIFORMES

Na língua portuguesa grande parte dos substantivos responsáveis por nomear os seres vivos apresenta duas formas: uma para o gênero masculino e outra, diferente, para o feminino. Esses substantivos passíveis de alteração são chamados de biformes. Um exemplo disto pode ser observado na composição dos substantivos gato e pintor:
Ex. 1:
Masculino = O gato.                    Feminino = A gata.

Ex.2:
Masculino = O Pintor.                  Feminino = A Pintora.


• FORMAÇÃO DO FEMININO

a) Regra Geral
Na regra geral, troca-se a terminação o por a:
Masculino = O aluno.              Feminino = A aluna.


b) Substantivos Terminados Em –ês
Para converter o substantivo terminado em –ês para o gênero feminino, deve-se acrescentar o artigo a ao substantivo masculino:
Masculino = Freguês.             Feminino = Freguesa.
Masculino = Inglês.                 Feminino = Inglesa.


c) Substantivos Terminados Em –ão
Para a conversão dos substantivos terminados em –ão há três variações:

A inserção de oa
Masculino = Patrão.                   Feminino = Patroa.

A inserção de ã
Masculino = Campeão.              Feminino = Campeã.
A inserção de ona
Masculino = Solteirão.               Feminino = Solteirona.

São exceções para esta regra casos como:
• Barão → Baronesa;
• Ladrão → Ladra;
• Lebrão → Lebre;
• Sultão → Sultana.


d) Substantivos Terminados Em -or
Para converter o substantivo terminado em –or para o gênero feminino, deve-se acrescentar o artigo a ao substantivo masculino:

Masculino = Leitor.              Feminino = Leitora.

São variações:

• Casos em que –or é substituído por –eira:
Masculino = Apanhador.              Feminino = Apanhadeira.
Masculino = Arrumador.               Feminino = Arrumadeira.
Masculino = Carpidor.                  Feminino = Carpideira.

• Casos em que –or é substituído por –triz (são raros os casos em que há masculino e feminino correspondente):
Masculino = Ator.                         Feminino = Atriz.
Masculino = Imperador.               Feminino = Imperatriz.

Convém lembrar que a maioria dos substantivos terminados em –triz ou apresenta apenas a forma feminina, sem o masculino correspondente (como em meretriz), ou está em desuso na língua portuguesa falada no Brasil (como em cantatriz, governatriz, etc.)

e) Substantivos com feminino de radical diferente
Em casos de substantivos com radical diverso não se pode falar rigorosamente em flexão, dado o fato de que vocábulos com radical diferente atuam especificamente para cada um dos gêneros. São exemplos:
Masculino = Boi.                           Feminino = Vaca.
Masculino = Cavalheiro.               Feminino = Dama.


SUBSTANTIVOS UNIFORMES

Entende-se por substantivos uniformes aqueles que não se flexionam para indicar feminino/ masculino. Esses substantivos pertencem a um único gênero (masculino ou feminino), e a indicação de sexo do indivíduo que está sendo nomeado se faz pelos modificadores que o acompanham (artigo, adjetivo, numeral, pronome) ou pelo contexto. Esses substantivos podem variar em:

a) Comum de Dois Gêneros
Não se flexionam para indicar gênero. A indicação de sexo se faz por meio de modificadores do substantivo (artigo, adjetivo, numeral, pronome). São exemplos:
Masculino = O pianista.                 Feminino = A pianista.
Masculino = O colega.                  Feminino = A colega.
Masculino = Este dentista.            Feminino = Esta dentista.

b) Sobrecomuns
Apresentam um só gênero para designar o masculino e o feminino. A identificação do sexo do ser a que se refere o substantivo só é possível no contexto. São exemplos:
O algoz.
O cônjuge.
A Testemunha.
c) Epicenos

São nomes de animais que apresentam uma só forma para os dois gêneros. Quando é necessário especificar o sexo do animal apresentam-se as designações macho ou fêmea junto ao substantivo. São exemplos:
Masculino = Crocodilo macho.          Feminino = Crocodilo Fêmea.
Masculino = Camelo macho.             Feminino = Camelo fêmea.
Masculino = Antílope macho.            Feminino = Antílope Fêmea.



NÚMERO

Os substantivos podem sofrer variação de número, apresentando-se no singular ou no plural. Identificam-se como pertencentes ao singular os substantivos que representam um único ser ou um conjunto de seres, como em Vento e Biblioteca. Em contrário, identificam-se como pertencentes ao plural os substantivos que representam mais de um ser ou mais de um conjunto de seres, como em Figuras e Quadrilhas.


 GRAU

Os substantivos são passiveis de alteração também no que se refere ao grau, podendo enquadrar-se no aumentativo e no diminutivo. Assim sendo, o grau pode ser expresso de duas formas: analítica e sintética.
Na forma analítica são utilizados adjetivos para indicar o aumento ou diminuição do ser a que se refere o substantivo, há, pois, a aproximação de dois vocábulos. São exemplos:
Aumentativo = Nariz Grande/ Nariz Imenso
Diminutivo = Nariz Pequeno/ Nariz minúsculo

Na forma sintética são utilizados adjetivos para indicar o aumento ou diminuição do ser a que se refere o substantivo. Desse modo, há algumas variações costumeiramente empregadas na modificação do substantivo. Observe os exemplos abaixo.
Grau Aumentativo =
Ão: Menino → Meninão
Aça: Barba → Barbaça
Arra: Boca → Bocarra
Az: Ladrão → Ladravaz
Ázio: Copo → Copázio
Ona: Mulher → Mulherona
Ebre: Casa → Casebre

Grau Diminutivo =
Inho/ Zinho: Bolo → Bolinho/ Cão → Cãozinho
Eta: Sala → Saleta
Ejo: Lugar → Lugarejo
Acho: Rio → Riacho
Ote: Velho → Velhote
Im: Espada → Espadim

Note que muitas formas, que anteriormente expressavam aumento ou diminuição, no que se refere a tamanho, perdem essa capacidade expressiva e o substantivo adquire novo significado. São exemplos disto o vocábulo cartão, ferrão, etc.

Referências Bibliográficas
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FARACO e MOURA. Gramática. Editora Ática. São Paulo. 1998.
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FERREIRA, Mauro. Aprender E Praticar Gramática. 2° Grau. Editora FTD. São Paulo. 1992.
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KOCH, Ingedore Villaça. Linguística Aplicada Ao Português: Morfologia. 15ª edição. Editora Cortez. São Paulo. 2005.MACAMBIRA, José Rebouças. Português Estrutural. 4ª edição. Editora Pioneira. São Paulo. 1998.
PASCHOALIN, Maria Aparecida; SPADOTO, Neuza Terezinha. Gramática, Teoria e Exercícios. Editora FDT. São Paulo. 1996.
ROSA, Maria Carlota. Introdução À Morfologia. Editora Contexto. São Paulo. 2005.
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