24 de julho de 2012

O que é Etimologia?

A palavra “etimologia” provém do grego etymología, pelo latim etymologia.

A etimologia é um estudo gramático que consiste na análise da origem das palavras e de seus processos de formação; através desse estudo busca compreender seu histórico e significação. Para exemplificar, analisemos etimologicamente a palavra “xadrez” (referente ao jogo):

• Xadrez (jogo): Tem seu nome originário do sânscrito, pela associação dos termos chatur e anga (quatro partes, em referência aos quatro elementos dos exércitos na época: elefantes, cavalaria, carruagens [ou barcos] e infantaria, os quais eram as peças que compunham o jogo antecessor do xadrez, o chaturanga).


O vocábulo chegou à nossa língua através da seguinte evolução:

• Sânscrito = chatur anga → chaturanga ↓→ Persa = schatrayan → schatrayn → shadrayn / shadran ↓→ Árabe = → al xedrech → alxedrez ↓→ Castelhano = ajedrez ↓→ Português = xadrez.

No oriente se tornou Xiangqi (China) e (xiangi → xongi) Shogi (Japão).


Em definição do Dicionário Aurélio, etimologia é:

1. O estudo das palavras, de sua história, e das possíveis mudanças de seu significado.

2. Origem e evolução histórica de um vocábulo.

É primordial, no estudo linguístico, conhecer as propriedades da língua e saber diferenciá-la da fala; muito embora ambas estejam intimamente ligadas. A língua caracteriza-se como uma instituição social, ao passo que a fala é um ato individual. Ao compreendermos o posicionamento da língua nos meios civilizacionais aceitamos que esta é um sistema de sinais organizado a fim de transmitir idéias e conhecimentos, como um todo.

A língua é ao mesmo tempo um sistema de valores que se opõem uns aos outros e um conjunto de convenções necessárias adotadas por uma comunidade linguística para se comunicar. Ela está depositada como produto social na mente de cada falante de uma comunidade, que não pode nem criá-la, nem modificá-la. Assim delimitada, ela é de natureza homogênea.

A fala é a realização, por parte do indivíduo, das possibilidades que lhe são oferecidas pela língua. É, portanto, um ato individual e momentâneo em que interferem muitos fatores extralinguísticos e no qual se fazem sentir a vontade e a liberdade individuais. Apesar de reconhecer a interdependência entre língua e fala, Saussure considerava como objeto da linguística a língua (por seu caráter homogêneo), procurando entendê-la e descrevê-la do ponto de vista de sua estrutura interna.

De acordo com A. Martinet (1960), a oposição entre língua e fala pode também exprimir-se em termos de código e mensagem: o código representa a organização que permite enunciar a mensagem, e a mensagem limita-se a concretizar a organização do código. Um dos princípios essenciais propostos por Saussure é a definição da língua como um sistema de signos e de leis combinatórias.

Para nós, a língua não se confunde com a linguagem: a língua não é mais do que uma pequena parte da linguagem, embora essencial. É tanto um produto social de faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo órgão social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Num todo, a linguagem é multiforme e heteróclita. Não se pode classificar em nenhuma das categorias dos feitos humanos, pois não se sabe como esclarecer sua singularidade.

A língua, pelo contrário, é um todo em si mesma e um princípio de classificação. Enquanto lhe damos o primeiro lugar entre os feitos de linguagem, introduzimos uma ordem natural em um conjunto que não se presta a nenhuma outra classificação. A este princípio de classificação se poderia argumentar que o exercício da linguagem se apóia em uma faculdade que nos dá a natureza, enquanto que a língua é coisa adquirida e convencional que deveria ficar subordinada ao instinto natural ao invés de se antepor a ele.

Não está provado que a função da linguagem, tal como se manifesta quando falamos, é totalmente natural, ou seja, que nosso aparelho vocal é feito para falar como nossas pernas para andar. Os Linguistas estão longe de chegar a um acordo quanto a isso. Assim, para Whitney, que compara a língua a uma instituição social com o mesmo título que todas as outras, o fato de que nos sirvamos do aparelho vocal como instrumento da língua é coisa de azar, por simples razões de comodidade: os homens poderiam igualmente escolher o gesto e empregar imagens visuais em lugar das imagens acústicas. Sem dúvida, esta tese é demasiado absoluta; a língua não é uma instituição social ponto a ponto semelhante às outras; ademais, Whytney está demasiado distante quando diz que nossa escolha caiu por azar nos órgãos vocais; de certa maneira, já nos estavam impostos pela natureza. Mas, no ponto essencial, o linguista americano parece ter razão: a língua é uma convenção e a natureza do signo em que se convém é indiferente. A questão do aparelho vocal é, pois, secundária no problema da linguagem.

Certa definição do que se chama linguagem articulada poderia confirmar esta idéia. Em latim articulus significa “membro, parte, subdivisão em uma série de coisas”; na linguagem, a articulação pode designar bem a subdivisão da cadeia falada em sílabas, bem a subdivisão da cadeia de significações em unidades significativas; este sentido é o que os alemães dão ao seu gegliederte Sprache. Atendo-se a esta segunda definição poderia se dizer que não é a linguagem falada o natural do homem, mas a faculdade de constituir uma língua, ou seja, um sistema de signos distintos que correspondem a idéias distintas. Tudo nos leva a crer que por trás do funcionamento dos diversos órgãos existe uma faculdade mais geral, a que governa os signos: esta seria a faculdade linguística por excelência.

Para atribuir à língua o primeiro lugar no estudo da linguagem, se pode finalmente fazer valer o argumento de que a faculdade – natural ou não – de articular palavras não se exerce mais com a ajuda do instrumento criado e abastecido pela coletividade. Não é, pois, fantasioso dizer que é a língua a que faz a unidade da linguagem.

Entre todos os indivíduos assim ligados pela linguagem, se estabelecerá uma espécie de ponto médio: todos reproduzirão – não exatamente, sem dúvida, mas sim aproximadamente – os mesmos signos unidos aos mesmos conceitos. O que faz com que se formem nos sujeitos falantes cunhagens que chegam a ser sensivelmente idênticas em todos é o funcionamento das faculdades receptiva e coordenativa. Se pudéssemos abranger a soma das imagens verbais armazenadas em todos os indivíduos, então encontraríamos o laço social que constitui a língua. É um tesouro depositado pela prática da fala nos sujeitos que pertencem a uma mesma comunidade, um sistema gramatical virtualmente existente em cada cérebro, ou, mais exatamente, nos cérebros de um conjunto de indivíduos, pois a língua não está completa em ninguém, não existe perfeitamente mais que nas multidões. Ao separar a língua da fala (langue et parole), se separa:

o que é social do que é individual; 2° o que é essencial do que é acessório e mais ou menos acidental.

A língua não é uma função do sujeito falante, é o produto que o indivíduo registra passivamente; nunca supõe premeditação. A fala é, em contrário, um ato individual de vontade e de inteligência, no qual convém distinguir: 1° as combinações pelas quais o sujeito falante utiliza o código da língua com vistas a expressar seu pensamento pessoal; 2° o mecanismo psicofísico que lhe permita exteriorizar essas combinações. Relembremos as características da língua: 1° é um objeto bem definido no conjunto heteróclito dos feitos de linguagem. Pode-se localizá-la na porção determinada do circuito onde uma imagem acústica vem associar-se com um conceito. A língua é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que por ri só não pode criá-la nem modificá-la; não existe mais que em virtude de uma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade. Por outro lado, o individuo tem necessidade de um aprendizado ára conhecer seu funcionamento; a criança vai assimilando pouco a pouco. Até tal ponto é a língua uma coisa distinta, que um homem privado do uso da fala conserva a língua de modo a compreender os signos vocais que ouve.


A língua, diferentemente da fala, é um objeto que se pode estudar separadamente. Já não falamos as línguas mortas, mas podemos muito bem assimilar seu organismo linguístico. A ciência da língua não só pode prescindir dos outros elementos da linguagem, mas que só é possível com a condição de que esses outros elementos não se misturem.


Enquanto a linguagem é heterogênea, a língua assim delimitada é de natureza homogênea: é um sistema de signos em que só é essencial a união do sentido e da imagem acústica. E onde as duas partes do signo são igualmente psíquicas.

 


Referências Bibliográficas

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