26 de julho de 2012

Gramática Descritiva/ Normativa

A partir de Saussure, os estudos linguísticos concentraram-se no estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona como meio de comunicação entre os seus falantes e na descrição da estrutura que a caracteriza. 

A abordagem descritiva fica melhor caracterizada em oposição à normativa. A primeira explicita, enumera e classifica a estrutura das frases, dos morfemas que constituem as frases, dos fonemas que constituem os morfemas e das regras de combinação dessas diferentes unidades. Trata-se de um trabalho de definição, classificação, interpretação e não de julgamento ou legislação. A última procura prescrever as normas, discriminando os padrões lingüísticos e elegendo um deles como de “bom uso”, muitas vezes a partir de critérios de ordem social e não lingüística. Ao longo dos anos, as gramáticas normativas foram estabelecendo preceitos avaliativos, isto é, instruções que muitas vezes se resolvem em diga x, não diga y.

Frente a essa distinção, uma questão tem sido colocada com freqüência: deve a gramática normativa ser abandonada? Pensamos, como Mattoso Câmara Jr. (1970), que a falha não está no fato de as gramáticas serem prescritivas, mas sim no de basearem-se em descrições inadequadas e falsas. Cabe à lingüística descritiva descrever os padrões em uso nos quais a gramática normativa possa basear-se, de tal modo que a norma não seja uniforme e rígida, mas se mostre elástica e contingente, adaptando-se às diferentes situações.

Em definição, pode-se dizer que a gramática descritiva estuda a língua visando descrevê-la com base em seu uso oral, admitindo as variações empregadas pelo falante em seu uso informal; nesta gramática não há o “falar correto”. Prima não pelos padrões pré-estabelecidos, mas pelos que são seguidos naturalmente. Em seus estudos admite que a língua é multiforme e considera como erro apenas o que não pode ser sistematizado em nenhuma variante linguística. Já a gramática normativa estuda a língua visando estabelecer normas e padrões a serem aplicados como “uso correto” da língua; baseia-se nos dialetos usados com mais freqüência pelos grupos sociais de maior prestígio.




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