20 de fevereiro de 2013

História da Didática

TRAJETO HISTÓRICO DA DIDÁTICA

PERÍODO GREGO

A Grécia é uma das mais famosas civilizações antigas, trata-se dum país que começou a ser povoado por volta de 2.000 a.C. e priorizou a cultura e a educação como formas de evolução social. Por essa razão, a Grécia é conhecida como berço da cultura, da democracia, da filosofia, da ciência política, do teatro ocidental, etc. Assim sendo, é compreensível que os gregos tenham sido os primeiros a assumir a preocupação de sistematizar o ato de ensinar.

Na sociedade grega, a educação era responsabilidade da família e se dava principalmente através das discussões em eventos, tais como festivais e apresentações de teatro, onde pretendia-se socializar o conhecimento. Nessa época os jovens eram conduzidos aos centros de ensino por escravos que carregavam uma lanterna a fim de iluminar o caminho. Muitas vezes o escravo era um prisioneiro grego obrigado a ensinar aos filhos dos nobres, pois a educação era muito elitizada. Esse processo deu origem ao termo Paideia (proveniente do grego paidós, que significa criança). Com o passar do tempo, o significado de Paideia ampliou-se, assim como o de Paidagogo, e o que era a “educação de meninos” passou a denominar a “todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina cultura.” (JAEGER, 1995).
É importante que saibamos isso porque foi nesse berço do conhecimento que nasceu o filósofo Sócrates, um dos precursores da Didática. Segundo ele, deve-se enfatizar a busca por novas descobertas, pelo desconhecido, ao invés de limitar-se a transmitir o que já se sabe. Para tanto, criou um método conhecido como maiêutica, ou parto das ideias, com o qual conduzia as pessoas a debaterem um assunto e a questioná-lo repetidamente até que surgissem novas formas de entender e de pensar. Essa prática partia dum pressuposto simples, reconhecido na frase “conhece-te a ti mesmo” e consistia em enumerar perguntas até que o aluno desenvolvesse a própria resposta, abordando valores éticos e morais.
Sócrates contribuiu consideravelmente com a Didática ao demonstrar que a educação desenvolve-se eficazmente quando o professor, longe de limitar-se a transmitir conhecimentos e ensinar respostas prontas, instiga o aluno a questionar a si mesmo e ao seu mestre, produzindo seus próprios argumentos e ideias, renovando as formas de pensar e abordar determinado assunto. A didática desse período, onde o ensino se dava de maneira intuitiva e livre de sistematização ou planejamento, é conhecida como Didática Difusa. Castro (1991) explica que:

A situação didática, pois, foi vivida e pensada antes de ser objeto de sistematização e de constituir referencial do discurso ordenado de uma das disciplinas do campo pedagógico, a Didática. Na longa fase que se poderia chamar de didática difusa, ensinava-se intuitivamente e/ou seguindo-se a prática vigente. (CASTRO, 1991)

O discípulo de Sócrates, Platão, é considerado o primeiro Pedagogo por ter desenvolvido um plano geral de sistema de ensino que integrava ética e política. Platão aplicou a ginástica e a música como recursos didáticos, fundou a Academia, considerada a primeira escola de filosofia. Criou o Mito da Caverna a fim de ressaltar a importância da educação e da formação intelectual como meio de alcançar a verdade, o conhecimento e a liberdade de da mente em detrimento da ignorância. Leia e tente compreender o Mito da Carvena, ou Alegoria da Caverna, que está presente no Livro VII da obra A República.


O MITO DA CAVERNA

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Glauco – Estou vendo.
Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica de fronte?
Glauco – Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates – E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco – É bem possível.
Sócrates – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco – Sim, por Zeus!
Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados.
Glauco – Assim terá de ser.
Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco – Muito mais verdadeiras.
Sócrates – E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco – Com toda a certeza.
Sócrates – E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco – Não o conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates – Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz.
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal como é.
Glauco – Necessariamente.
Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco – É evidente que chegará a essa conclusão.
Sócrates – Ora, lembrando-se da sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que aí foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco – Sim, com certeza, Sócrates.
Sócrates – E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples criado de charrua, a serviço de um pobre lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco – Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco – Por certo que sim.
Sócrates – E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que os seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se a alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco – Sem nenhuma dúvida.
Sócrates – Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha ideia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a ideia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco – Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.

Se achar interessante, veja o Mito da Caverna representado no vídeo abaixo:



PERÍODO ROMANO

A didática difusa empregada pelos gregos foi adotada pelos romanos e, a partir do século II a.C., esses últimos a sistematizaram num processo que deu origem às primeiras escolas. Convém saber que a palavra “escola” se origina do latim schola, do Grego skholé, e significa discussão, conferência, folga, descanso. Enquadram-se melhor os significados “folga” e “descanso”, pois remetem ao fato de as conversas em eventos e praças renderem discussões onde surgiam novos saberes e ideias.
As escolas baseavam-se nos princípios gregos, mantendo-se o ensino da gramática, da retórica e da língua grega. Apenas um século mais tarde surgiu uma escola dedicada exclusivamente ao estudo da retórica latina, que priorizava língua e literatura latinas. As turmas dividiam-se por graus, de modo muito semelhante ao que temos hoje, e seguiam manuais didáticos. As escolas dividiam-se em:

Elementares (litterator ou ludus) – Eram dirigidas pelo ludi magister (mestre do jogo), seu objetivo era prover a formação inicial, ou seja, o ensino da alfabetização, da leitura, da escrita e dos cálculos. Essas escolas funcionavam em locais privados, que tanto podiam ser alugados para tal fim ou ser residências de nobres. Os jovens romanos chegavam à escola em companhia do Paidagogo e lá permaneciam durante a maior parte do dia, num processo de ensinoaprendizagem severo que incluía castigos físicos. Para o aprendizado da leitura e da escrita, utilizavam lâminas e tábuas de cera; para o aprendizado dos cálculos, utilizavam pedras.

Secundárias ou de Gramática – Seu objetivo era prover o ensino da cultura, abrangendo desde a música e a literatura à geometria e à astronomia. O ensino da literatura se dava de forma interdisciplinar, abrangendo o aspecto gramatical e filosófico com base em textos gregos e latinos. Destacam-se a lectio (leitura), a emendatio (correção do texto), a enarratio (explicação dos autores) e o judicium (juízo crítico do autor).

De Retórica – Seu objetivo era prover o ensino da filosofia, da política, etc. O ensino se dava através da criação de suasoriae (discursos) que abordavam aspectos morais e éticos sobre problemáticas que podiam ser reais ou não, de forma mais utilitária e em detrimento de artes como a filosofia e a música.

Haviam escolas para os membros pertencentes às classes menos favorecidas, no entanto, essas escolas possuíam nível inferior em organização e sistematização, sendo focadas no ensino profissionalizante. Em primeira instância, as escolas técnicas enfatizavam o estudo para o exército e para a agricultura, após isso ao artesanato e, por fim, ao artesanato de luxo.


ALTA IDADE MÉDIA

Numa época em que a formação de feudos (propriedade rural concedida por um suserano a um vassalo, em troca de fidelidade e apoio militar) predominava e particionava a sociedade, entre os séculos V e X, as escolas foram praticamente extintas. A educação passou a ser conduzida por instituições eclesiásticas, apenas o clero e a nobreza tinham acesso ao conhecimento.


BAIXA IDADE MÉDIA

A Baixa Idade Média tem seu início no final século IX, ano 1000, e se encerra no século XV. Trata-se do período onde houve a revitalização das cidades, do comércio, bem como da arte e das manifestações sociais como um todo. A educação ainda é fortemente influenciada pela religião, os clérigos deixam de ser vistos apenas como homens da igreja e são reconhecidos como intelectuais.


Para saber: Há uma maneira muito fácil de identificar a qual século pertence um ano. Basta adicionar 1 aos dois primeiros algarismos.
Observe: Ano + 1 = século

Ex.: 2013 (ano): 20 + 1 = 21 (Século XXI)

Para números redondos não se deve proceder essa soma, mas apenas extrair os dois primeiros algarismos.

Ex.: 2000 (ano): 20 = Século XX

Para anos com número composto por 3 algarismos ou menos,
adicione 0.

Ex.: 8 (ano): 00 + 15 = 0015
0015 + 1 = 1 (Século)

Ou

263 (ano): 0 + 263 = 0263
0263 + 1 = 3 (Século)



Nesse cenário surgiram as universidades, que já discutiam o ato de ensinar, a educação cavaeiresca, bem como:

• A Escolástica – “Escolástica” tanto se refere ao conjunto de disciplinas ministradas na escola por mestres (daí o nome escolástica) quanto ao pensamento filosófico que buscava, através da razão e da dialética, justificar a doutrina apregoada pelo clero. Pessanha (1980), explica que “a razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé: precede-a e é sua consequência. É necessário compreender para crer e crer para compreender”.

• Os Mestres Livres – Os Mestres livres eram pagos pelos pais dos jovens para ensinar as “profissões mundanas”, ou seja, conduziam o ensino de forma prática e focada nos conhecimentos necessários ao exercício do comércio, enfatizando o cálculo e o uso do ábaco em detrimento da gramática. Com essa formação profissionalizante, uma criança tornava-se capaz de operar o caixa por volta dos dez anos e algum tempo depois era encarregada de manter os livros contábeis.

No decorrer do tempo, os Mestres Livres deixaram de ensinar apenas as profissões e adentraram o campo dos estudos conduzidos pelos clérigos, a educação passou a ser melhor “comercializada”. Surge o preceptor familiar que, muito semelhante a um professor particular, educava os filhos dos nobres integrando sua residência.

São características desse período:
• Educação vinculada à igreja;
• Estudos onde há um professor para vários alunos;
• Educação “para todos”;
• Práticas escolares envolvendo atividades avaliativas e arguição;
• Adoção de prêmios e castigos como influenciadores na formação escolar;
• Análise de desempenho por disciplina e avaliação;
• Etc.

O advento do humanismo gerou a contestação dos métodos de ensino tradicionais, o combate aos castigos físicos, a adoção do lúdico em sala de aula.


IDADE MODERNA

Denomina-se Idade Moderna o período que se estende do final do século XV até 1789, data em que se inicia a Revolução Francesa. O lema dos revolucionários era Liberté, Egalité, Fraternité, ou Liberdade, Igualdade, Fraternidade, o que nos conduz a compreender que foi uma época de transformações em todos os segmentos sociais.
A Reforma Protestante, iniciada por Martin Lutero, popularizou a educação ao apregoar que é através do conhecimento que se alcança a Deus e, assim, motivar a alfabetização dos fiéis. Os adeptos da Reforma entendiam que a educação devia abranger não apenas os jovens que iriam dar sequência à sua formação intelectual, mas também aos que iriam dedicar-se ao trabalho. Em resposta, a igreja católica instituiu a Contra Reforma, contraditória à formação educacional de membros das classes menos favorecidas. Foram criadas a Companhia de Jesus e a Santa Inquisição. Para orientar o exercício da Companhia de Jesus, que oferecia ensino gratuito, foi criada a Ratio Studiorum. Miranda (2010), esclarece que

Ratio Studiorum é o nome abreviado de Ratio atqueInstitutio Studiorum Societatis Iesu, o plano educacional que a Companhia de Jesus pôs à frente dos seus colégios nas mais variadas partes do globo (da Europa à Ásia, do Japão ao Brasil). Embora vulgarmente se traduza por código, ou método, a Ratio Studiorum é mais do que o plano de estudos, ou o curriculum escolar, ou o regulamento dos colégios dos jesuítas. Ela é na verdade o regime escolar (e, nessa medida, também o plano de estudos, o código e o regulamento) que presidiu ao ensino nos colégios dos Jesuítas, desde que foi composto (no final do séc. XVI) até à extinção da Companhia de Jesus, em 1773 (com as necessárias adaptações, claro). (MIRANDA, 2010)

Esse documento constitui-se de 467 “regras”, distribuídas em 30 capítulos.
No século XVIIl, Jan Amos Comenius redige a “Didática Magna”, onde se propõe a defender o que chama de “a arte de ensinar tudo a todos”. Essa obra é a responsável por Comenius ser conhecido como o Pai da Didática, sendo ele também o primeiro destaque na história da educação.


 A Didática Magna completa encontra-se disponível para leitura no eBooksBrasil, neste link: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/didaticamagna.pdf 


Apesar de ter fortes influências religiosas e citar o nome de Deus, bem como a bíblia, várias vezes, a Didática Magna revoluciona as teorias de didática e se posiciona a favor da formação educacional para as classes menos favorecidas.
São ideais de Comenius:
• A educação como direito absoluto;
• A escola com respeito às crianças e o lúdico como construtor do cognitivo;
• A escola que inclui crianças de origem e desempenho diversos, portadores de deficiência mental e meninas;
• A escola como ferramenta de transformação social;
• A necessidade de ensinar tanto quanto os alunos são capazes de aprender, e não apenas o que o professor deseja;
• Educação em acordo com o desenvolvimento humano (idade e capacidades);
• Conhecimento empírico.

Posteriormente, Jean-Jacques Rousseau defendeu os princípios da liberdade e da igualdade e, com isso, influenciou consideravelmente a escola moderna.
Outra grande contribuição vem de Johann Henrich Pestalozzi, quando este afirma que a escola deve ser uma extensão do ambiente familiar, oferecendo segurança e atentando às relações afetivas. Nesse cenário, entende-se que o aprendizado deve abranger os aspectos intelectual, físico e moral.
É também na Idade Moderna que se apresentam as ideias de Friedrich Herbart, peça chave na organização, de modo abrangente e sistemático, da Pedagogia enquanto ciência. Institui-se o princípio científico, da pesquisa e da experimentação.

Para Herbart:
• O ensino é entendido como repasse de ideias do professor para o aluno;
• O método consiste na acumulação de ideias na mente da criança;
• O professor transmite, mas apenas para reproduzir a matéria;
• A aprendizagem é mecânica, automática, associativa.

Essas concepções são classificadas, atualmente, como tradicionalismo. Seguindo-as, obtém-se um processo de ensino aprendizagem onde o aluno se porta de modo passivo, sem acesso a diálogos.

São características desse período:
• A reorganização da escola e da família, definidas em novas concepções;
• O posicionamento da criança como centro da família;
• A separação de alunos por turma segundo idade, conteúdos, etc.;
• Avaliações com vistas a monitorar a evolução intelectual;
• Separação da igreja e da escola, estado laico.


IDADE CONTEMPORÂNEA

No século XX, entre os anos 1920 e 1950) surge a Escola Nova, uma tentativa de superar os pressupostos da escola tradicional que objetivava promover uma reforma no sistemas de ensino.
A Nova Escola defendia os interesses da criança, priorizando suas necessidades e sua capacidade de adaptação de acordo com as situações, trata-se do “aprender fazendo”. Condenou os métodos de ensino que tratavam a criança como um “adulto em miniatura” e implantou os jogos educativos como importante recurso didático na construção e avaliação da evolução cognitiva.
A Escola Tecnicista surgiu entre os anos 1960 e 1980, quando a didática adquiriu um enfoque teórico em detrimento do ensino crítico e reflexivo, com vistas a capacitar o aluno para atender às exigências da Era Industrial.
Isso mudou a partir dos anos 90, quando a didática passou a ser um meio de estabelecer a cooperação entre professor e aluno, potencializando o processo de ensinoaprendizagem. Surgem:

• Sócio-interacionismo: a partir dos estudos de Vygotsky, entende-se que o aprendizado é uma consequência do convívio do homem em sociedade, de modo que o homem modifique o ambiente e o ambiente modifique o homem. O professor é reconhecido como mediador, sendo fator determinante no sucesso do educando.

• Construtivismo: defende que a criança constrói seu conhecimento a partir das descobertas que faz quando em contato com o mundo e com os objetos. Respeita a evolução mental do aluno, pois entende que a criança tem suas capacidades determinadas de acordo com os estágios de sua vida, e o instiga a estar sempre questionando-se. Para tanto, adota a participação ativa do educando em ações como pesquisa em grupo, experimentação, etc.



Referências Bibliográficas
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. 19.ed. Editora Brasiliente. São Paulo: 1989.
CANDAU, Vera Maria (org.) Didática, Currículo e Saberes Escolares. Editora DP&A. Rio de Janeiro: 2002.
CASTRO, Amélia Domingues de. A Trajetória Histórica da Didática. Série Idéias, n° 11, pgs. 15-25. Editora FDE. São Paulo: 1991.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Didática e Interdisciplinaridade. Editora Papirus. São Paulo: 1998
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. Editora Paz e Terra. São Paulo: 1996.
HADALD, R. Didática e Prática de Ensino: Aspectos Ideológicos, Científicos e Técnicos. Editora EPU. São Paulo: 1981.
JAEGER, Werner Wilhelm, 1888-1961. Paidéia: A Formação do Homem Grego. Tradução: Artur M. Parreira. 4ª ed. Editora Martins Fontes. São Paulo: 2001.
LETRA, Pedagogia ao Pé da. Prática Educativa, Pedagogia e Didática. Disponível em: < http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/pratica-educativa-pedagogia-e-didatica/> Acesso em 03 Fev. 2013.
LIBÂNEO, J.C. Didática. Editora Cortez. São Paulo: 1995.
MIRANDA, Margarida. “Ratio Studiorum”. Disponível em: < http://dererummundi.blogspot.com.br/2010/01/ratio-studiorum-dos-jesuitas.html> Acesso em 18 de Fev. 2013.
PESANHA, José de Américo Motta. Santo Agostinho (354-430) Vida e Obra p. VI – XXIV in Os Pensadores, Santo Agostinho. São Paulo: Abril Cultural 1980.
PLATÃO. A República. Tradução: Enrico Corvisieri. Editora Nova Cultural. São Paulo: 2004.
VEIGA, Ilma P.A. Didática: O Ensino e suas Relações. Editora Papirus. São Paulo: 1996.
ZABALA, Antoni. A prática Educativa – Como ensinar. Editora Artmed. Porto Alegre: 1998.
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