19 de novembro de 2012

Romantismo


As rochas brancas de Rugen,
de Friedrich (1774-1840)

O Romantismo pertence à Era Romântica da Literatura Portuguesa. Ela estende-se do século XIX aos dias atuais e compreende quatro períodos ou escolas: Romantismo, Realismo/ Naturalismo, Simbolismo e Modernismo.

O Romantismo ocorreu durante a primeira metade do século XIX, é a escola literária que representa a mentalidade burguesa, predominante a partir do final do século XVIII.

A literatura torna-se extremamente subjetiva e exageradamente emocional.

Ao autor romântico interessa sobretudo a expressão das emoções que a realidade provoca. Nem a Mulher (idéia), nem a mulher real, mas o sonho, a fantasia, a imagem provocada pelo desejo.

Portugal participou intensamente das grandes transformações políticas européias do início do século XIX. A implantação do liberalismo foi difícil e custou alguns anos de guerra. O liberalismo é a filosofia política que tem como fundamento a defesa da liberdade individual nos campos econômico, político, religioso e intelectual.

São princípios básicos do liberalismo:
• Defesa da propriedade privada;
• Liberdade econômica (livre mercado);
• Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado);
• Igualdade perante a lei (estado de direito);


O Romantismo, entretanto, só tem início no final dos anos 20. Durante essas quatro décadas o movimento evoluiu em três momentos, conforme se sucederam as gerações dos autores.

São Características Românticas:
• Liberdade de criação de expressão;
• Nacionalismo;
• Historicismo;
• Medievalismo;
• Tradições populares;
• Individualismo, egocentrismo;
• Pessimismo;
• Escapismo;
• Crítica social;
• Confessionalismo.


          IDEAL

(Antero de Quental)


Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas languidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...

Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortaes entre ruinas,
Nem a Amazona, que se agarra ás crinas
D'um corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...



CLASSICISMO
ROMANTISMO
• Antigo Regime - Aristocracia
• Novo Regime - Burguesia
• Antropocentrismo;
• Busca dos valores universais: o Bem, a Beleza, o Amor, etc;
• Racionalismo;
• Egocentrismo;
• Expressão dos valores individuais, confissão dos sentimentos;
• Emocionalismo;
• Disciplina:
• Obediência das regras;
• Imitação dos modelos clássicos;
• Liberdade:
• Supressão das regras
  clássicas;
• Originalidade expressiva;
• Valorização da antiguidade clássica;
• Mitologia pagã;
• História nacional – Idade Média;
• Cristianismo;
• Erudição;
• Elitização da arte.
• Temas populares, folclore;
• Popularização da arte.




• Primeira Geração
Formados no período anterior, os primeiros autores românticos ainda conservam características clássicas, sobretudo no que toca às regras da criação literária. Os temas que marcam essa fase estão ligados ao nacionalismo: em Portugal, o romance histórico e o medievalismo; no Brasil, o indianismo.
• Segunda Geração
Esse é o período do Ultra-Romantismo. Caracteriza-se pelo exagero do subjetivismo e do emocionalismo: o tédio, a melancolia, o devaneio, o sonho, o desejo da morte estão sempre presentes.
Esse clima pessimista e o escapismo que lhe corresponde constituem o chamado “mal do século”.
• Terceira Geração
Essa última fase já antecipa certas características da Escola Realista, que substituirá o Romantismo. O pessimismo e o escapismo cedem lugar a uma literatura de tom exaltado, engajada nos grandes debates sociais e políticos da época.


O ROMANTISMO PORTUGUÊS – 1ª GERAÇÃO


CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

→ DÉCADAS de 20 e 30
• Sobrevivência de características neoclássicas;
• Nacionalismo;
• Historicismo, Medievalismo;
• Confessionalismo.
→ PRINCIPAIS AUTORES
• Almeida Garrett;
• Alexandre Herculano;
• Antônio Feliciano de Castilho.


ESTE INFERNO DE AMAR

(Almeida Garrett)


Este inferno de amar — como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há de apagar?

Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei
Mas nessa hora a viver comecei…





Referências Bibliográficas

AMARAL, Emília. et. all. Novas Palavras: Literatura, Gramática, Redação e Leitura. Vol. 1. São Paulo: FTD, 1997.

AMARAL, Emília. et. all. Novas Palavras: Literatura, Gramática, Redação e Leitura. Vol. 2. São Paulo: FTD, 1997.

BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 2006.

CÂNDIDO, Antônio. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2007.

D’ONOFRIO, Salvatore. Teoria do texto I. São Paulo: Ática, 1995.

GOLDSTEIN, N. Versos, sons e ritmos. São Paulo: Ática, 2007.

MOISÉS, M. A criação literária: prosa I. São Paulo: Cultrix, 2003.

 _________. A criação literária: poesia. São Paulo: Cultrix, 1998.

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