5 de novembro de 2013

A Síndrome do Pato

A SÍNDROME DO PATO


Os bichos da floresta estavam em polvorosa porque ultimamente haviam aparecido ali terríveis caçadores que matavam todo e qualquer animal que encontrassem pelo caminho. Buscando uma solução, o pássaro, o peixe, o coelho e o pato reuniram-se à beira do lago para confabular. Logo os bichos perceberam que o melhor era planejar o que cada um faria caso se deparasse com um caçador.
O primeiro a manifestar-se foi o coelho, que disse: a mim não restam dúvidas! Se o caçador aparecer, eu fugirei correndo! Ninguém corre tão rápido e astutamente quanto eu, ele não irá me alcançar!
O peixe, por sua vez, afirmou: se o caçador aparecer, eu fugirei nadando! Ninguém nada tão rápido e fundo como eu, ele não irá me pegar!
O pássaro, então, disse: se o caçador aparecer, eu fugirei voando! Ninguém voa tão rápido e longe como eu, ele não irá me apanhar!
O pato, confiante em sua superioridade, encheu o peito de ar e disse pomposamente: caros colegas, vocês são limitados e possuem apenas uma opção! Eu com certeza escaparei, pois possuo as habilidades de todos vocês; sei correr, nadar e voar. Se o caçador aparecer, escolherei fazer o que me parecer melhor! Ele não irá me abater!
Antes que os demais pudessem responder-lhe, a selva agitou-se. Ouviram-se gorjeios, silvos, e ruídos de todas as espécies; as ramas próximas afastaram-se e, diante dos animais que dialogavam, surgiu o caçador. O pássaro, sem hesitar, voou. O peixe, sem titubear, nadou. O coelho, sem oscilar, correu. E o pato...
O pato, detendo-se, pensou: E agora, será que eu corro? Será que eu nado? Será que eu voo? Será que eu corro? Será que eu nado? Será que eu voo? – O pato não corre como o coelho, não nada como o peixe e não voa como o pássaro. Julgando-se superior em todas as habilidades, não capacitou-se ou aperfeiçoou-se em nenhuma e, por isso mesmo, não soube executá-las eficazmente. Foi imobilizado pela dúvida e virou o jantar do caçador.
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