13 de agosto de 2013

O reizinho e a mais bela montanha alta do mundo

Havia um reizinho muito presunçoso e sortudo que era amado pela mais bela montanha alta do mundo. A montanha gostava do sorriso do reizinho, do tom róseo em sua face e lhe queria bem sem preocupar-se em ter um porquê. Todas as tardes a montanha fazia balançar suas árvores para que as copas produzissem uma brisa suave e o pequeno reizinho se sentisse beijado, mas ele, apesar de amá-la mais até do que a si mesmo, jamais lhe fez algo muito bonito ou generoso. Um dia Deus resolveu que queria algo realmente valioso em sua casa, e escolheu a mais bela alta montanha do mundo. Os ventos se intensificaram, os mares se revolveram e, enquanto todas as forças naturais pareciam despejar ira, a montanha protegeu o reizinho em suas entranhas. Quando enfim cessaram os ruídos, e o solo voltou a ser estático, o reizinho abriu os olhos e descobriu ser cego; tentou erguer-se, mas percebeu não ter pernas; decidiu derrubar as paredes que o envolviam, mas sentiu que seus braços eram raquíticos e sem vida. Tudo lhe parecia confuso e estava ele tão próximo de perder a lucidez que uma nuvem comoveu-se e induziu o vento a fazer ruir a simplória gruta que retinha a pequena realeza. Nesse momento o reizinho descobriu que sua mais bela alta montanha do mundo já não estava mais ali e que todas as qualidades que ele supunha ter eram, na verdade, efeito do amor que lhe dedicava sua montanha. Agora o reizinho já não tinha coroa, sorte ou presunção. Era apenas um menino como tantos outros, e ainda mais bobo por já não ter o que lhe cativara o coração.




Escrito, relido, re-sentido, existe por amor à minha avó. ♥
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