A SÍNDROME DO PATO
Os bichos da floresta
estavam em polvorosa porque ultimamente haviam aparecido ali terríveis
caçadores que matavam todo e qualquer animal que encontrassem pelo caminho. Buscando
uma solução, o pássaro, o peixe, o coelho e o pato reuniram-se à beira do lago para
confabular. Logo os bichos perceberam que o melhor era planejar o que cada um
faria caso se deparasse com um caçador.
O primeiro a
manifestar-se foi o coelho, que disse: a mim não restam dúvidas! Se o caçador
aparecer, eu fugirei correndo! Ninguém corre tão rápido e astutamente quanto
eu, ele não irá me alcançar!
O peixe, por sua vez,
afirmou: se o caçador aparecer, eu fugirei nadando! Ninguém nada tão rápido e
fundo como eu, ele não irá me pegar!
O pássaro, então, disse:
se o caçador aparecer, eu fugirei voando! Ninguém voa tão rápido e longe como
eu, ele não irá me apanhar!
O pato, confiante em
sua superioridade, encheu o peito de ar e disse pomposamente: caros colegas,
vocês são limitados e possuem apenas uma opção! Eu com certeza escaparei, pois
possuo as habilidades de todos vocês; sei correr, nadar e voar. Se o caçador aparecer,
escolherei fazer o que me parecer melhor! Ele não irá me abater!
Antes que os demais
pudessem responder-lhe, a selva agitou-se. Ouviram-se gorjeios, silvos, e
ruídos de todas as espécies; as ramas próximas afastaram-se e, diante dos
animais que dialogavam, surgiu o caçador. O pássaro, sem hesitar, voou. O
peixe, sem titubear, nadou. O coelho, sem oscilar, correu. E o pato...
O pato, detendo-se,
pensou: E agora, será que eu corro? Será que eu nado? Será que eu voo? Será que
eu corro? Será que eu nado? Será que eu voo? – O pato não corre como o coelho,
não nada como o peixe e não voa como o pássaro. Julgando-se superior em todas
as habilidades, não capacitou-se ou aperfeiçoou-se em nenhuma e, por isso
mesmo, não soube executá-las eficazmente. Foi imobilizado pela dúvida e virou o
jantar do caçador.
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